Velßsquez, na qualidade de Pintor de CΓmara do Rei, devia retratar os diferentes membros da famφlia de Filipe IV. Nesta tela se oferece a imagem da segunda esposa do Monarca. Mariana, sobrinha de seu esposo, contraiu matrim⌠nio aos quinze anos. Quando o rei morreu, ela seria regente de seu filho, o futuro Carlos II.
Existem vßrias vers⌡es desta tela. A que se oferece foi a realizada em primeiro lugar. Conserva-se no Museu do Prado e foi datada entre 1652 e 1653. Uma segunda versπo, que se conserva no Museu de Viena, foi enviada ao Arquiduque Leopoldo Guilherme pela mesma Θpoca. A crφtica considera que se trata de uma obra de ateliΩ.
A Rainha teria pouco mais de vinte anos quando este magnφfico quadro foi realizado. Ela aparece de corpo inteiro, apoiando sua mπo direita sobre uma cadeira. Com a outra, ela segura um lenτo, com um gesto grave e distante, como corresponde a sua dignidade e posiτπo.
AN┴LISE T╔CNICA E ESTIL═STICA
A composiτπo Θ dominada pela figura da mulher, que se encontra em primeiro plano. O cenßrio do retrato Θ uma sala, o que oferece um efeito de elegante sobriedade. Os elementos que o integram sπo os imprescindφveis. A metade de uma cortina se adivinha em um dos laterais do quadro. A ela se somam a cadeira sobre a que se apoia levemente a modelo, uma mesa e um rel≤gio. Estes elementos ocupam diferentes planos para se conseguir uma sensaτπo de espaτo. A iconografia resultante Θ a que Velßsquez emprega habitualmente em seus retratos oficiais de princesas e infantes. Em certas ocasi⌡es, ele costuma juntar o elemento epis≤dico de um cachorrinho.
O gesto distante da dama Θ pr≤prio de uma imagem oficial. O artista nπo se permite entrar na captaτπo psicol≤gica do personagem.
A gama cromßtica provoca imensos contrastes. Um jogo de vermelhos, pretos e dourados se vΩ realτado com o toque branco do lenτo. A iluminaτπo matiza as pregas da cortina e incide diretamente sobre a protagonista. O resultado final Θ de uma grande qualidade de realizaτπo.
INTERPRETA╟├O
Esta imagem constitui um exemplo tφpico dos retratos de membros da casa real, tπo comum na corte barroca madrilenha. Neles se combinam a perfeiτπo, austeridade, elegΓncia, luxo e distanciamento. A sobriedade estß encarnada na escassez de elementos acess≤rios. A riqueza e o luxo tΩm seu mßximo exemplo na sofisticaτπo da vestimenta da rainha. Esta sofisticaτπo parece restar-lhe juventude, coisa que se procura acentuar com seu gesto suave.
O artista esmerou-se na realizaτπo do traje e do penteado complicado da modelo. Laτos, brocados e rendas sπo objeto de um cuidadφssimo detalhe. Nπo se assiste aqui a uma minuciosidade no desenho. A pincelada se aplica sobre os adornos de uma forma leve e sintΘtica. Os bordados, a corrente de ouro que cai sobre a manga e o grande laτo vermelho ressaltam de maneira clara sobre a cor preta do seu vestido. O contraste se acentua com a inclusπo do lenτo e a delicadeza da mπo que o segura. A captaτπo psicol≤gica fica omitida a favor da riqueza e da solenidade.
